segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Viseu - Vila Nova do Rego Os Verdes preocupados com depósito de lamas de ETAR questionam o Governo





No passado dia 13 de agosto o Partido Ecologista Os Verdes deslocou-se a Vila Nova do Rego, na freguesia de Povolide, concelho de Viseu para constatar in loco a deposição de várias toneladas de lamas a céu aberto oriundas de várias Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da região.

A população refere que, de há dois anos para cá, têm sido depositadas lamas em propriedade privada, junto à Estrada Nacional 229-2, alegadamente pela empresa Irmãos Almeida Cabral II, Ambiente S.A. responsável pelo seu transporte e destino final, em terreno que não têm qualquer tipo de condições para receber estes subprodutos das ETAR. Segundo a comunicação social, a empresa alega que a matéria depositada é um composto orgânico para aplicação agrícola, contudo também é referido que a GNR já levantou um auto de contraordenação pelo facto de os resíduos provenientes das ETAR não estarem totalmente tratados.

Nas proximidades deste depósito de lamas foi possível, observar, durante a visita, a presença de inúmeros insetos, sobretudo moscas e também constatar a existência de cheiros intensos e nauseabundos, insuportáveis para quem circula na EN229-2 e para a população que habita a escassos metros.

Esta armazenagem de lamas a céu aberto para além de atentar contra a paisagem é um risco não só para a saúde pública, pelos odores nauseabundos e pela propagação de insetos e ratos, assim como para o ambiente pela eventual contaminação dos solos e das águas, sobretudo, a jusante, em área da povoação vizinha de Corvos à Nogueira, na freguesia de Santos Evos. No local de deposição é percetível que não exista qualquer tipo de impermeabilização do solo, constituindo um sério risco para quem, nas redondezas, utiliza as águas de poços e minas.

O Decreto-Lei n.º 276/2009, de 2 de outubro refere no n.º 6 do art.º 5, que os locais de armazenamento de lamas “devem ser impermeabilizados e cobertos de forma a evitar infiltrações ou derrames que possam originar a contaminação dos solos e das massas de águas superficiais e subterrâneas”, pressupostos que não se verificam com este depósito em Vila Nova do Rego.

A população referiu ao PEV que o transporte e a deposição destas lamas ocorre normalmente ao sábado em camiões que aparentam não possuírem condições para transportar este tipo de resíduos, sendo frequente a queda destes para a via.

Ainda de acordo com os moradores, em Vila Nova do Rego também estão a ser depositadas lamas com origem em ETAR geridas pelo SMAS de Viseu. O município de Viseu, embora descarte a responsabilidade pelo que está a acontecer e demonstre aparente preocupação, contratualizou com a referida empresa a aquisição dos bens de “Transporte e destino final de lamas e subprodutos produzidos na ETAR de Viseu Sul para o ano de 2016”, por um valor de 142 200€ acrescido de IVA.

Este atentado ambiental e de saúde pública tem indignado a população que se queixa da perda de qualidade de vida. Desde que têm vindo a ser depositadas largas toneladas de lamas, a população afirma que, sobretudo em dias de calor, é impossível a abertura de portas e janelas por causa de maus cheiros e quantidade de insetos que entram nas habitações.

Assim, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicito a S. Exª O Presidente da Assembleia da República que remeta ao Governo a seguinte pergunta, para que o Ministério do Ambiente possa prestar os seguintes esclarecimentos:

1- O Ministério do Ambiente confirma que em Vila Nova do Rego, Viseu estão a ser depositadas a céu aberto lamas provenientes em ETAR da região sem que estejam totalmente tratadas?

2 – A empresa Irmãos Almeida Cabral II, Ambiente S.A. está licenciada para o transporte e tratamento de lamas provenientes de ETAR? Quais os locais licenciados para o efeito?

3 – A propriedade em Vila Nova do Rego que está a servir para depositar toneladas de lamas tem condições para receber este tipo de resíduos?

4- Qual a origem das lamas, discriminado por ETAR, que se encontram depositadas a céu aberto neste terreno da freguesia de Povolide?

5- A empresa responsável pela deposição de lamas tem sido autuada por esta e/ou situações similares?

6- Para quando está previsto a remoção destes resíduos e a respetiva descontaminação dos terrenos onde ao longo destes últimos dois anos têm sido colocados os subprodutos de ETAR?

7- O ministério do Ambiente tem acompanhado todo o processo de fim de linha das lamas que são retiradas das ETAR nomeadamente a recolha, desidratação e o respetivo destino final seja valorização ou não?



 

19 de setembro de 2016

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