sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Iniciativa legislativa de «Os Verdes», sobre a modernização do troço Covilhã-Guarda na linha da Beira Baixa




PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 807/XII/2ª

 
Recomenda ao Governo que proceda à modernização, eletrificação e reabertura do troço Covilhã-Guarda na Linha da Beira Baixa

 
Numa altura de crise económica, social e ambiental profunda, os transportes públicos, nomeadamente o transporte ferroviário, devem ser assumidos como um fator muito importante para uma estratégia de desenvolvimento que alivie a nossa fatura energética, que promova o emprego, que facilite a mobilidade das pessoas e bens e que contribua para a coesão territorial. É nesse sentido que se impõe o investimento na modernização da nossa rede ferroviária convencional.
 A aposta no transporte ferroviário em Portugal contribuirá para uma redução da dependência externa do país ao nível energético e também para a redução do esforço financeiro do País no cumprimento das metas de emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), respondendo às necessidades ambientais globais devido ao menor consumo de combustíveis fósseis.
 
Tal prioridade terá efeitos concretos ainda ao nível do combate às assimetrias regionais, na promoção de um desenvolvimento mais harmonioso e mais equilibrado, numa maior coesão social e territorial, no colmatar as dificuldades de mobilidade das populações, no fomento da circulação de mercadorias e na melhoria global da produtividade através de uma redução dos tempos de percursos.

Ao longo de décadas, o desenvolvimento da rede ferroviária convencional promoveu a circulação de mercadorias e a mobilidade das populações ao estabelecer a ligação entre regiões e localidades do País. Recuar nesse impulso é dar passos atrás no desenvolvimento e obter resultados inversos. O problema é que esse recuo tem sido promovido por sucessivos Governos, e pelo atual em particular, designadamente por via do designado Plano Estratégico de Transportes que assume uma estratégia preocupante de desvalorização da componente ferroviária em Portugal.
A linha ferroviária da Beira Baixa é uma infraestrutura imprescindível ao desenvolvimento do interior do país, com ligação à linha da Beira Alta e à linha do Norte, sendo que a ligação ferroviária à Guarda constitui um fator determinante para a região e para a aproximação das populações.

A Linha da Beira Baixa foi já objeto de um investimento no valor de 350 milhões de euros para a sua modernização e eletrificação. Porém, esses trabalhos só chegaram até à Covilhã, faltando prossegui-la até à Guarda. Para esse efeito, o troço Covilhã - Guarda foi encerrado, em Fevereiro de 2009, tendo sido criado um serviço de transporte rodoviário alternativo, assegurado pela CP, para funcionar enquanto durassem as obras na Linha da Beira Baixa.
A conclusão das obras e a reabertura deste troço ferroviário é fundamental e ansiado pelas populações, O seu nítido atraso, conjugado com o encerramento ou desvalorização, sob o mesmo pretexto, de outras linhas ferroviárias pelo país, tem levado as populações a temerem a não abertura, a qual levaria ao encerramento permanente do troço Covilhã – Guarda da Linha da Beira Baixa. A questão é que o encerramento provisório já dura há 4 anos e a obra não está concretizada.

Entretanto, em 1 de Março de 2012, a CP suprimiu o transporte rodoviário alternativo que assegurava a ligação entre a Covilhã e a Guarda desde 2009, alegando a suspensão do processo de reativação do troço Covilhão-Guarda. Ou seja, a CP que tinha que assegurar obrigatoriamente o transporte alternativo até ao final de 2012, suprimiu-o pelo facto de não estar assegurada a reposição da ligação ferroviária Covilhã-Guarda, deixando as populações sem alternativa de mobilidade.
Tendo em conta que a modernização e a eletrificação do troço entre a Covilhã - Guarda da Linha da Beira Baixa constitui um contributo fundamental para combater as desigualdades e as assimetrias regionais, permitindo a criação de condições para um desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável da região e do país;
 Tendo em conta que não faz sentido que a modernização e eletrificação da Linha da Beira Baixa termine apenas na Covilhã, o que significaria a amputação de um troço importante da linha férrea, ou seja, da ligação à Guarda, capital de distrito;
Tendo em conta que a modernização integral da Linha da Beira Baixa é que permitirá a efetiva ligação à Linha da Beira Alta e à Linha do Norte, assumindo um papel importante para a região e para o país e também à sua ligação à rede ferroviária na Europa;
Tendo em conta que a população, por via da supressão do transporte rodoviário alternativo que a CP assegurava no troço entre Covilhã-Guarda, ficou sem alternativa de mobilidade, devido à ausência de reposição da ligação ferroviária naquele troço;
Tendo em conta que o transporte ferroviário deve ser encarado como um sector estratégico para promover o desenvolvimento do país, para aliviar a nossa fatura energética, para contribuir para diminuir as assimetrias regionais e para promover o crescimento económico;
 
Tendo em conta que estes investimentos estruturais são não só absolutamente necessários para as populações em termos de mobilidade, mas também para cativar um conjunto de investimentos que podem alavancar o desenvolvimento da região que apresenta níveis de pobreza e desemprego dos mais elevados do país e que está votada ao isolamento;


O Grupo Parlamentar Os Verdes propõe o seguinte Projeto de Resolução:

A Assembleia da República delibera, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, recomendar ao Governo que:

1º- Garanta a conclusão das obras de modernização e eletrificação do troço Covilhã-Guarda da linha ferroviária da Beira Baixa;

2º Assegure o transporte rodoviário alternativo através da CP, provisoriamente, até à reabertura do troço Covilhã-Guarda da Linha da Beira Baixa.

3º Findas as obras de requalificação do troço Covilhã-Guarda, se comprometa com a reabertura imediata dessa ligação.

4º Garanta que o material circulante é adequado para prestar um serviço público de transporte ferroviário de qualidade, com maior conforto e menor duração de viagem. 

Assembleia da República, Palácio de S. Bento, 29 de Julho de 2013

Os Deputados 

Heloísa Apolónia                                                      José Luís Ferreira

 

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